O PERFUME DO AMOR
- BLOG O CAMINHO
- 14 de abr.
- 4 min de leitura
Nesta Segunda-feira Santa, continuemos a nossa meditação. Após acompanharmos Jesus em sua subida a Jerusalém no Domingo de Ramos, agora somos impelidos, pelo Evangelho de João, a prosseguir nossa caminhada com Ele rumo à Páscoa. Durante esta semana, queremos entregar tudo ao Senhor, assim como Maria, que d’Ele recebeu tanto amor e, por isso, não é capaz de fazer outra coisa senão tentar retribuir esse amor. A maneira que ela encontra de fazer isso é amando o Senhor com tudo o que tem: oferece o melhor perfume, e seus cabelos tornam-se como aquele pano com que Verônica enxugou o rosto de Jesus.
O Evangelho que nos acompanha neste dia é João 12,1-11. É belo ver como o evangelista é preciso e delicado ao narrar os fatos, permitindo-nos religiosamente atualizar a graça presente nos últimos acontecimentos que nos preparam para celebrar e viver a Páscoa de Jesus. A casa dos irmãos de Betânia torna-se o lugar do encontro. Aqui, Jesus está com seus Apóstolos, mas também com seus melhores amigos: Marta, Maria e Lázaro. A cena é uma ceia — uma ceia em Betânia, que se torna o preâmbulo daquela que Jesus celebrará com os seus Apóstolos: a Última Ceia, onde Ele selará de uma vez por todas a Nova Aliança entre Deus e o homem. “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22,20). Este jantar não é uma simples refeição, mas um gesto sagrado, expressão de comunhão de sentimentos e de amor. É também uma ocasião para render graças a Deus por todos os seus benefícios — sobretudo pela vida — simbolizada na presença de Lázaro, a quem Jesus havia ressuscitado. No entanto, Lázaro não é, neste evangelho, a figura central. João quer destacar Maria, com sua linguagem silenciosa de amor. Com um simples gesto, ela demonstra adoração sem cálculos nem medidas. Sem palavras, apenas entrega e abandono no Amor.
A atitude de Maria, ao contrário da de Judas, não é mesquinha nem egoísta, mas de total generosidade. Aqui está o sinal distintivo dos santos: a generosidade. Ela nunca se contenta com o pouco, mas está sempre disposta a oferecer mais, a sacrificar mais, a amar mais. Maria faz isso: seu grande amor por Jesus a leva a entregar tudo o que tem. Essa mulher derrama aos pés de Jesus um perfume que poderia custar o salário de uma vida inteira. João faz questão de destacar o valor: trezentos denários — muito dinheiro. Mas para Maria, isso não importa, pois, para o seu Senhor, ela oferece o melhor, o mais caro, o mais precioso. O perfume é símbolo de seu amor, de sua entrega, de sua reparação. Que belo é nos deter nessa cena, marcada pela cumplicidade, repleta de afeto, amizade e intimidade — mas também pela beleza de um amor que transborda, capaz de encher uma casa inteira com seu perfume. João nos diz: “E a casa ficou cheia do perfume.” O perfume que se espalha é reflexo de uma linguagem de amor e intimidade — uma linguagem que deve nos acompanhar nestes dias. Como Maria, somos chamados ao amor e à intimidade. A cada dia, o Senhor nos espera e deseja receber de nós o que recebeu dela: amor, adoração, entrega. Assim como aconteceu com Lázaro, o acontecimento de Betânia nos convida ao seguimento: Jesus nos chama da morte para a vida, das trevas para a luz, do egoísmo para a doação total. Judas não foi capaz de compreender o gesto de Maria, pois estava fechado em si mesmo. Quem se fecha em si não compreende a linguagem do amor e torna-se incapaz de amar. Por isso, a atitude de Judas é vista como desperdício. Cego pela avareza, ele não foi capaz de enxergar o valor do sacrifício que dilata o coração para o amor. O coração de Maria se dilatou, e a fragrância do seu gesto ultrapassou os muros de Betânia, enquanto a mesquinhez de Judas endureceu seu coração de forma irremediável.
Maria ofereceu a Cristo o melhor, o mais elevado. O nardo era um perfume raríssimo e valioso, guardado em pequenos vasos de boca estreita. Quebrar esse vaso e derramar seu conteúdo sobre alguém era sinal de grande honra. Maria não oferece qualquer perfume — para Jesus, ela dá o mais caro, o mais precioso. E nós, o que temos oferecido ao Senhor? Temos medido nosso amor? Ou temos dado um amor sem medidas? Como diz Santo Agostinho: “A medida do amor é amar sem medida.” Não devemos oferecer ao Senhor o que nos sobra, o resto. A Ele devemos dar o melhor. O perfume derramado por Maria não se enquadra em nossos moldes, não pode ser trocado, vendido ou calculado — deve ser totalmente derramado, até a última gota.
Quem ama verdadeiramente se entrega de maneira desmedida e se une ao objeto do seu amor. Corramos, então, não como quem corre em vão, mas ao encontro do Senhor, que está para dar a sua vida, pronto para derramar seu sangue por nós. Como Maria, façamos nossa homenagem a Jesus, nosso maior tesouro, aquele que vale a pena vender tudo para possuir. Vivamos esta semana com Maria, imbuídos de um amor adorador, que, em um gesto silencioso, rompe o frasco dos desejos e amores, das angústias e esperanças, das tristezas e alegrias — e nos entrega inteiramente a Ele. Assim, na experiência desse amor que dá a vida, viveremos o Mistério Pascal de Cristo, cheios de fé e esperança, amando Aquele que por primeiro nos amou, com espírito de profunda gratidão, sabendo que Ele nos amou até o fim.
— Frei Antônio da Paixão de Cristo, pjc.
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